Exposição impressa em lambes a partir de fotos de Ratão Diniz
Curadoria de Ioana Mello
Abertura: 17 de março de 2021, 22h
Rua Nelson Mandela – Botafogo
Há mais de 10 anos, o fotógrafo carioca Ratão Diniz acompanha as turmas de bate-bolas do subúrbio do Rio, em bairros como Campo Grande, Marechal Hermes, Rocha Miranda, Honório Gurgel e Guadalupe. Formado pela Escola de Fotógrafos Populares, Ratão registra manifestações culturais carnavalescas menos mediatizadas, desconstruindo vários pré-conceitos, tabus e clichês, do carnaval da periferia, que tanto são perpassados pela grande imprensa.
Independente do bloco, existe o cuidado com a preservação de uma memória e com a importância de múltiplos discursos e olhares. Assim, o olhar sensível do fotógrafo nos guia entre as cores, as máscaras, a alegria e a cultura bateboleira. Aqui o registro da folia é feito de forma democrática com o intuito de redefinir a identidade e fortalecer o pertencimento de todos.
Esse ano de 2021 não teve Carnaval, mas graças a essas imagens os bate-bolas resistem e desfilam nas ruas do Rio.
Ioana Mello
Texto do querido amigo Dante Gastaldoni sobre Ratão Diniz:
Fotógrafo formado pela Escola de Fotógrafos Populares e até o ano de 2014 foi integrante da agência Imagens do Povo, fundada na favela da Maré pelo fotodocumentarista João Roberto Ripper. Ao completar 10 anos de carreira, Ratão lançou seu primeiro livro “Em Foto” (Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2014) e, de lá para cá, tem se consolidado como um dos mais importantes fotodocumentaristas do nosso país, com um trabalho que transita entre os grafiteiros, as favelas, o interior do Brasil e a cultura popular. Em paralelo com a documentação dos Bate-Bolas (RJ), Ratão Diniz tem demonstrado particular interesse em fotografar festas populares que se caracterizam pelo uso de máscaras e nos brindado, ao longo dos últimos 12 anos, com um poderoso material que inclui a Folia de Reis Penitentes do Santa Marta (RJ), o Reisado dos Caretas de Potengi (Ceará), o Bloco da Lama (Paraty, RJ), os brincantes do Lambe Sujo e Caboclinhos (Sergipe), e o Boi de Máscaras (Pará)”.
Ioana Mello é carioca com mestrado em história da arte na Puc-Rio, em Estética e Fotografia na Sorbonne- Paris e um MBA em mercado de arte no Sotheby’s Institute, Londres. É uma apaixonada por fotografia, e trabalha como curadora independente. Trabalhou no Centre Georges Pompidou, Paris, e na Galeria da Gávea, Rio, foi júry do prêmio da Aliança Francesa e deu aula na Puc-Rio. Em 2019, foi curadora de uma exposição coletiva no Rencontres d’Arles e de duas projeções na França. Faz parte da equipe de coordenação do FotoRio desde 2015, colabora com o coletivo Iandé e escreve regularmente para revistas internacionais e para sites, como a Fisheye, Wedemain, entre outras.