Roda de conversa, domingo, 14 de março de 2021, às 18h
A primeira roda de conversa “A imagem de todos nós” conta com dois convidados, João Roberto Ripper e Monara Barreto, além da mediadora Erika Tambke. Os três têm mais do que o elo da fotografia em comum: contam com a experiência com o projeto Escola de Fotógrafos Populares (EFP), parte do Programa Imagens do Povo/Observatório de Favelas. Com a sede na Maré, a escola contribuiu com a formação de mais de 200 fotógrafos de diferentes áreas da cidade, a partir de aulas que abordavam temas como direitos humanos, história da arte, linguagem fotográfica e processo criativo.
Além de ter sido um centro de formação profissional, o projeto na Maré se tornou referência na cidade e no país ao propor olhares diversos sobre a cidade: a fotografia como disputa simbólica e social. Através desta experiência, muitos participantes encontraram na fotografia uma forma de se expressar na cidade, tão caracterizada por suas desigualdades. 15 anos depois da primeira turma da EFP, conversaremos sobre a produção da fotografia no Rio de Janeiro a partir de outras perspectivas.
Conheça os convidados:
João Roberto Ripper ocupa lugar de destaque entre os ícones da fotografia documental humanitária no Brasil e no mundo. Nos anos 90 trabalhou ao lado do Ministério Público e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) denunciando focos de trabalho escravo em minas de carvão no interior do país e fotografou durante duas décadas a triste saga dos índios Guarani Kaiowá em busca de direitos básicos, como terra, saúde e alimentação. Hoje, Ripper é visto como orquestrador de um novo olhar sobre as favelas cariocas. Isto porque ele é um dos fundadores da Escola de Fotógrafos Populares que formou profissionais, prioritariamente moradores das comunidades que compõem o Complexo da Maré, na área da fotografia e jornalismo. Nos últimos anos ele tem percorrido o Brasil e o mundo ministrando uma oficina intitulada Bem Querer, que ensina os princípios da comunicação popular e fala sobre o método de trabalho que criou, a fotografia compartilhada, em que as pessoas fotografadas ajudam a editar o material final – podendo inclusive excluir fotografias dos arquivos brutos. J.R Ripper tem dois livros lançados, o primeiro chama-se Imagens Humanas e o segundo Retrato Escravo
Monara Barreto é fotógrafa formada pela Escola Fotógrafos Populares, em 2009. Atuou por 4 anos como indexadora do banco de Imagens do programa Imagens do Povo. Mestre em Ciência da Informação pelo Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação IBICT – UFRJ. Formada em Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação pela UFRJ. Desenvolveu seu trabalho de conclusão de curso com os temas, fotografia popular, informação e memória.
Erika Tambke integra a equipe de coordenação do FotoRio 2020/2021 e coordena a Semana de Ocupação Visual/FotoRio desde 2019. É fotógrafa, Doutoranda em Mídia e Mediações Socioculturais na ECO/UFRJ, Mestre em Cultura Visual pela Birkbeck College, University of London e Bacharel em Geografia (UFRJ). Pesquisa sobre a fotografia popular no Rio de Janeiro, uma documentação que visa a pluralidade de narrativas da cidade. É integrante do Coletivo Favela em Foco. Nomeadora do Programa 6×6 Global Talent do World Press Photo e participa do júri da 10ª edição do PrixPhoto da Aliança Francesa (2021).